ENTREVISTA EXCLUSIVA – CLÉBIO CAVAGNOLLE

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Ele tem 31 anos, é jornalista, radialista e apresentador.

Hoje, é apresentador na Record News, canal de notícias disponível na TV aberta e fechada. Já participou da equipe de notícias da RIT (Rede Internacional de Televisão), Rede Brasil, NET e tem grande experiência no jornalismo impresso com passagens pelo Jornal da Tarde, Estado de São Paulo, Diário do Grande ABC, ABCD Maior e Revista Inova.

Ele concedeu uma entrevista exclusiva para o Blog do Guinho César.

Acompanhe a entrevista com o jornalista Clébio Cavagnolle.

BGC: De Santo André para a Record News e Record Internacional. Quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou para chegar até aqui?
 
CC: Penso que toda carreira baseada e construída na ética e no profissionalismo passa por dificuldades. O mercado é voraz e para se destacar, não basta ser bom… tem de buscar algo além do aperfeiçoamento, um diferencial, aquele ponto de vista que ninguém mais conseguiu observar. Além disso, são muitas pessoas boas para pouco espaço. A disputa faz com que o acesso às oportunidades seja mais restrito. Ouvi muitas vezes a palavra “não”, e acho que essa foi a principal dificuldade. Ela me levou a buscar cada vez mais o aperfeiçoamento. Mas, sempre acreditei muito em Deus, que tudo tem um momento certo para acontecer. Sempre pautei a caminhada acreditando nos meus sonhos, crendo que as dificuldades geram oportunidades brilhantes. E foi assim que cheguei aqui.

“Ouvi muitas vezes a palavra “não”, e acho que essa foi a principal dificuldade”. 

BGC: Fale sobre seu atual momento na Record News.
 
CC: A Record News está em uma fase excelente. Somos o canal de notícias mais assistido pelos brasileiros mais uma vez, uma referência para canais internacionais e grupos de comunicação do mundo todo. Quando a CNN ou BBC, por exemplo,  precisam da transmissão de algum fato aqui no Brasil, em geral usam nossa cobertura. Audiência boa, uma equipe unida e focada, uma chefia e direção que permitem oportunidades boas. Estou realizado e feliz com tudo  que temos feito. As últimas coberturas são prova disso. Fizemos um belo papel no processo eleitoral, dando voz a todos os candidatos por meio das sabatinas, cobrimos as apurações dos votos com maestria, do mesmo modo que fizemos a posse da presidente Dilma Rousseff. Nosso trabalho se caracteriza, em especial, pelo hard news, a cobertura ao vivo, e temos DNA para fazer isso, além de faro apurado para buscar a proximidade com o telespectador. Por isso, nossa audiência responde tão bem. Creio que 2015 será um ano de mais crescimento para todo o nosso time. Se Deus quiser!
 
BGC: Apesar de muito jovem, você já possui boa bagagem e experiência nos mais diferentes ramos do jornalismo. O que mais te encanta na profissão?
 
CC: O jornalismo veio para mim como convicção muito cedo. Desde adolescente,  já sabia que era isso. Infelizmente, por diversos motivos, inclusive financeiros, não pude ingressar na faculdade tão cedo quanto gostaria. Tive de cursar Administração, inclusive quando trabalhava em banco, mas vi que estava perdendo tempo, porque não seria feliz naquela carreira. Então, me lancei logo no caminho dos meus sonhos. Acho que, quem opta pelo jornalismo, se o faz por uma questão ideológica, logo percebe que se trata de um dom. Corre nas veias. Você tem um senso de justiça e não consegue calar-se diante de certas coisas. Tem vontade de ajudar as pessoas, de poder fazer algo que impacte o mundo positivamente, ainda que seja algo pequeno. Talvez, meu defeito ou qualidade, é que enxergo o jornalismo como uma missão, não mera profissão ou modo de ganhar dinheiro. E o que mais me encanta é  justamente isso. Poder levar informações para as pessoas, mas também, de algum modo, ainda que singelo, poder contribuir para uma sociedade melhor. Obviamente, a televisão é algo que me encanta muito. Eu sonhei com isso minha adolescência toda. Tudo isso, dia após dia, me leva a certeza de que escolhi o caminho certo. Claro que ter passado por mídia impressa me ajudou muito e faz parte da minha história. Penso que todo jornalista precisa experimentar todos os lados da noticia, passando por impresso, internet, radio e TV. Isso agrega muita experiência. 
 
BGC: A rotina do jornalista é movimentada. Como você consegue separar o trabalho da vida pessoal?
 
CC: Acho que, quando você vive focado no trabalho, tendo-o como missão, a linha entre ela e a vida pessoal é tênue. Tal como para os médicos, o plantão é permanente. Mas, quem sabe administrar, consegue ter tempo com os amigos, família, pessoas que você ama. E aquelas que o amam, vão entender quando não for possível participar de algum momento. Não é uma questão de se privar, mas de planejar e conseguir conciliar. 
 
BGC: Em quem você se espelhou para chegar até aqui?
 
CC: Acho que todos temos nossas referências. Minha escolha pela comunicação teve uma referência principal: Silvio Santos. Como comunicador, pela inteligência e capacidade de improviso. Como homem de negócios, que do nada, tornou-se dono de uma fábrica de sonhos. Creio, inclusive, que ele seja referência para a maioria das pessoas que sonham com essa carreira em televisão. Evidentemente, no jornalismo, sempre tive admiração por nomes como Boris Casoy, Carlos Nascimento, Celso Freitas e Roberto Cabrini, entre tantos outros. Mas, não tento imitar ninguém. Acho isso um erro. Quando somos originais, verdadeiros, as pessoas podem captar o melhor de nós: nossa essência. E isso deve mover nosso profissionalismo também.

“…não tento imitar ninguém. Acho isso um erro”.

 
BGC: Qual foi a notícia que mais te emocionou na carreira?
 
CC: Foram muitas. Em quase 11 anos de carreira, imagine que a gente vê e fala de tudo. Acho que além de cobrir a morte de pessoas de quem era admirador, talvez a mais emocionante, no sentido triste da coisa, foi a cobertura do incêndio na Boate Kiss. Estava na RIT (Rede Internacional de Televisão), e talvez nunca esqueça de tudo o que pudemos ouvir de bombeiros que atuaram nas buscas. Mais de 200 mortos, jovens com uma vida toda pela frente, com ideais e uma carreira promissora, que acabam mortos de uma forma tão brutal… Foi muito triste e difícil de fazer.
No sentido de emoções boas, exemplos de superação e honestidade sempre me fazem crer que o mundo ainda tem jeito. Uma cobertura recente, em especial, a da marcha contra o terrorismo em Paris no domingo, 11 de janeiro, foi muito emocionante… Depois dos ataques, ver os franceses homenageando as vítimas do terror com suas bandeiras, enquanto cantavam o hino do País foi tocante. Ainda mais, quando cerca de 50 líderes, de inúmeros países, caminharam juntos, de braços dados. Foi exemplar e emocionante.
 
BGC: Qual foi a notícia que mais te revoltou na carreira?
 
CC: Todas as que mostram a corrupção e impunidade em nosso Brasil. Vergonhoso como, apesar de tantas denúncias, nada muda. E surgem cada dia mais corruptos. Isso precisa mudar. Mas, teve uma em especial, de uma filha que tentou envenenar a própria mãe, que a proibia de ir a baladas. Naquela reportagem, a filha ainda lamentou não ter conseguido…  E ainda disse que tentaria de novo. Me pergunto, como pode um “ser humano” querer matar os próprios pais? São coisas que noticiamos, mas nos chocam.
  
BGC: A profissão de jornalista é considerada uma das mais desvalorizadas do mercado? Na sua opinião, quais são os motivos que levam a essa realidade?
 
CC: Acho que o mercado de trabalho, em geral, está sobrecarregado. São muitos profissionais, e cada vez mais gente se formando, para pouco espaço. Isso, naturalmente, causa um certo problema. Mas, creio que há espaço para gente boa, que leva o trabalho a sério e o faz com dedicação.
 
BGC: Vira e mexe, a imprensa solta “notinhas” falando sobre o possível fim da Record News. Em que isso influencia no seu trabalho?
 
CC: Não influencia. Boatos são boatos e existem acerca de todo trabalho que, de certo modo, é público. Infelizmente, a imprensa solta “notinhas” falando muitos absurdos, frutos da falta de apuração. Não pauto meu trabalho nisso, e sim em nossa missão: levar a noticia com ética e profissionalismo ao telespectador.
  
BGC: Como você analisa o atual cenário político brasileiro?
 
CC: Às vezes, me pergunto que cenário seria este! O Brasil precisa de uma reforma política com urgência. Precisa de gente séria e ética na linha de comando, em todos os níveis. Precisa acabar com a impunidade e implementar medidas duras para aqueles que não correspondam à confiança do eleitor. Acho que precisamos crescer neste sentido.
  
BGC: E quanto ao eleitor. Está preparado para votar?
 
CC: Penso que, no Brasil, o processo eleitoral é tratado de forma muito superficial. Não vou generalizar, mas em boa parte, o eleitor vota meramente por obrigação, não por prazer ou para exercer seu direito democrático. Claro que isso é fruto do descrédito com os políticos. Tem uma parcela que ainda troca votos por favores, e isto torna tudo ainda pior.
 
BGC: Em apenas uma palavra:
 
Família: Preciosidade
Trabalho: Missão
Jornalismo: Dom
Fé: Indispensável
Deus: Tesouro
Clébio Cavagnolle: Sonhador
 
BGC: Dicas do jornalista
 
Viagem: Amo viajar, difícil escolher um destino só, mas indicaria a Europa, sem deixar de passar por Paris, Roma e Londres, pelo contexto histórico, cultural e arquitetônico.
Livro: Sem nenhuma hipocrisia, pra mim, o melhor, mais atual e surpreendente livro sempre será a Bíblia Sagrada, minha fonte de inspiração constante.
Filme: São tantos ótimos, mas ultimamente, tenho feito questão de rever o filme “Antes de Partir”, de Rob Reiner com Jack Nicholson e Morgan Freeman. Além dos excelentes protagonistas, a mensagem da fragilidade da vida, em contraponto com nossos valores reais me fascina. Gosto, aliás, de filmes que passam uma mensagem de valor à vida.
 
BGC: Qual seria a notícia que você gostaria de dar nos dias atuais?
 
CC: Para o mundo, que o terrorismo chegou ao fim, que vivemos em uma sociedade tolerante, que respeita a crença e história das pessoas.
Para o Brasil, queda nos índices de violência e crescimento-fortalecimento da nossa economia, com uma verdadeira geração de empregos. Vamos sonhar, né?
  
BGC: Deixe uma mensagem para os futuros jornalistas.
 
CC: Sempre digo isso quando ministro palestras em universidades e escolas. Que não escolham essa profissão pensando em glamour ou dinheiro. Se acontecer, é conseqüência. Se não, não deve ser motivo de frustração. Jornalismo tem de ser levado como missão. Que o façam com ética, seriedade, sem se vender ou fazer o jogo que, algumas vezes, circunstâncias podem levar a fazer. E que, quando chegarem ao mercado, sejam leais aos seus princípios, seus colegas e, acima de tudo, ao público que terá acesso ao que produzirem.

Nossos agradecimentos ao jornalista Clébio Cavagnolle pela entrevista ao Blog do Guinho César.

BLOG DO GUINHO CÉSAR

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Um comentário

  1. Acompanho seu trabalho desde a primeira apresentação na record, torço para seu sucesso.,voce merece.

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